Connect with us



Brasil

Por que Neto se aposentou como jogador? Os médicos explicam

Publicado

em

Safismi

A resposta mais simples e fácil de entender é: a dor venceu. Neto tentou por quase três anos voltar a jogar em alto nível e chegou perto de retornar aos gramados, mas, por fim, optou, em conjunto com o corpo médico da Chapecoense, pelo encerramento a carreira como atleta.

“Não é que o Neto quis parar, mas a dor é muito intensa.” (Carlos Mendonça, médico da Chape)

De fato. Neto lutou bravamente para se recuperar das sequelas da queda do avião na Colômbia, em novembro de 2016, que matou 71 pessoas. Foram seis cirurgias no joelho. No entanto, este não foi o principal problema para abreviar a carreira de jogador.

– A dor era grande. O sacrifício do ser humano era grande. Não é que o Neto quis parar, mas a dor é muito intensa. Futebol exige muito, ele se cobra muito, então não dava mais. Temos que pensar no ser humano. Em comum acordo achamos por bem que era hora de parar – disse Mendonça.

O impacto do avião gerou uma lesão na região lombar da coluna. Para se recuperar completamente, o zagueiro deveria ser submetido a uma cirurgia de correção ainda na Colômbia, mas isso não era possível pela grave situação clínica.

– Pelo trauma pulmonar, não podia nem transferir para fazer ressonância no hospital. E, com o tempo, calcificou. Se vou levar para cirurgia, tenho que trazer ele melhor. Como é atleta, tem uma reserva muscular, mas a musculatura atrofiou, a parte óssea calcificou, não da maneira correta, mas calcificou – explicou Marcos Sonaglio, médico de coluna.

Por que não fazer a cirurgia agora?

No ano de 2016, Neto passou por um procedimento para correção de um problema cervical chamado artrodese. Agora, seria necessário fazer um procedimento similar na região lombar. Porém, a colocação de parafusos tirariam do zagueiro a mobilidade necessária para atuar em alto nível.

– Se fizer, não há dúvida que vai comprometer o rendimento no futebol. A probabilidade de voltar em alto rendimento é baixa. Já tem a artrodese na cervical, perde mobilidade. Se fizer na lombar, que é o movimento em extensão para olhar para a bola quando estão cruzando, limitaria o desempenho. Se a dor estiver sob controle, tirando a carga de treino, podemos postergar a cirurgia – disse Sonaglio.

Preocupação com a qualidade de vida

Neto é um milagre. Isso é consenso para qualquer pessoa que tenha conhecimento da história do zagueiro e do acidente. Para os médicos que estudaram o caso dos sobreviventes, essa também é uma verdade. Último a ser resgatado com vida, ele estava debilitado e ficou em estado crítico por um longo período.

Depois de esgotadas as tentativas de Neto voltar a jogar, os médicos conversaram com o atleta sobre a possibilidade de encerrar a carreira e focar em outras atividades. A grande preocupação era com o ser humano, que mesmo tendo sobrevivido a uma queda de avião, seria cobrado dentro de campo para ter o rendimento que encantou a torcida verde e branca entre 2015 e 2016.

– Deveria ter feito o tratamento na Colômbia, mas não tinha condição clínica. A verdade é que não sabíamos nem se ia sobreviver. Isso gerou uma sequela. Ele foi longe, chegou perto. Se ele retorna e não tem um alto rendimento, a torcida cobra. As pessoas esquecem. Vão cobrar do atleta Neto em campo se não tem um rendimento de alto nível como sempre – falou Carlos Mendonça.

ge

Uniguaçu