Desde o fim do La Niña no início do ano, o Oceano Pacífico Equatorial passou a registrar temperaturas acima da média no primeiro semestre de 2017 e os centros internacionais de meteorologia chegaram a apontar a possibilidade de um El Niño para o segundo semestre, mas com um aquecimento insuficiente para caracterizar o fenômeno, a expectativa diminuiu em junho, ao passo que as águas voltaram à condição de resfriamento.
Para que o El Niño se configurasse, seria necessário que a temperatura da área central do Oceano Pacífico ficasse no mínimo 0,5ºC acima da média por pelo menos três trimestres consecutivos, que representa uma sequencia de cinco meses. Já o La Niña se configura quando a temperatura representa um desvio de 0,5ºC abaixo da média pelo mesmo período.
Apesar de as temperaturas do Pacífico terem ficado abaixo da média durante o trimestre que vai de junho a agosto, o instituto australiano Bureau of Meteorology manteve a previsão de neutralidade em boletim divulgado no início de setembro, enquanto a NOAA (Agência Americana de Meteorologia e Oceanografia) afirmou que há uma chance crescente de 55% a 60% de um La Niña se configurar ao longo do verão.
De acordo com o meteorologista Celso Oliveira, da Somar Meteorologia, independente da nomenclatura, a previsão dos próximos meses divulgada anteriormente, não deve mudar. “As simulações levam em consideração somente a temperatura do Pacífico, que já está abaixo da media desde junho e deve continuar assim”.
Sobre a oscilação nas previsões de um possível El Niño/La Niña, o profissional explica que a cada período de 15 a 30 anos, o Oceano Pacífico Equatorial passa por períodos mais frequentes de El Niño e outro de 15 a 30 anos com La Niñas. “Atualmente, estamos em uma fase fria. Então, embora a previsão do El Niño não tenha se confirmado, não podemos descartar a possibilidade de um La Niña”.
O que esperar da primavera/verão?
Com as águas do Oceano Pacífico mais frias que o normal, a primavera começa em 22 de setembro com chuvas mais frequentes na região Sul e volumes acima da média no Rio Grande do Sul. Já em meados da estação, durante o mês de outubro, as precipitações perdem força no Estado gaúcho enquanto migram para Santa Catarina e Paraná.
As frentes frias voltam a avançar aos poucos sobre o restante do país e as precipitações que atingem o Centro-Oeste e Sudeste ainda de maneira irregular durante a segunda quinzena de setembro começam a ocorrer de forma mais regularizada durante a segunda quinzena de outubro.
No Nordeste, as chuvas começam a perder força no litoral, enquanto o MATOPIBA, região agrícola que abrange os Estados de Maranhão, Tocantins Piauí e Bahia, registra precipitações fracas e irregulares entre o final de outubro e novembro, porém com grandes intervalos de tempo seco.
A partir da segunda quinzena de outubro, as frentes frias começam a avançar com maior frequência para o interior do Brasil e formam um corredor de umidade ligado à região Norte, onde as precipitações passam a ocorrer de forma mais abrangente sobre o Pará e Tocantins, que passam atualmente por um maior período de estiagem.
Enquanto a chuva ganha força no restante do país, as precipitações diminuem no Rio Grande do Sul. “Caso o La Niña se confirme, o Estado Gaúcho pode inclusive vir a passar por estiagens regionais, mas ainda é cedo para dizer se serão de longa ou curta duração”, afirma a meteorologista da Somar, Graziella Gonçalves.
Segundo a profissional, as temperaturas ainda devem ficar elevadas nas regiões até o retorno das chuvas, “após a chegada da primavera, a tendência é de que os episódios de chuva aliviem o calor, mas o tempo ainda fica levemente abafado, o que é característico da estação”, explica.
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