ercado pelo grupo de ministros, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) fez longo pronunciamento na tarde desta sexta-feira (24/04), no Palácio do Planalto, para, segundo ele, “restabelecer a verdade sobre a demissão” de Maurício Valeixo, agora ex-diretor-geral da Polícia Federal, e a saída de Sergio Moro do Ministério da Justiça e Segurança Pública. E o discurso foi todo de ataques ao ex-aliado: “Hoje essa pessoa vai buscar uma maneira para botar uma cunha entre eu e o povo brasileiro”.
“Uma coisa é você admirar uma pessoa, outra coisa é trabalhar com ela”, afirmou. “Moro tem compromisso com seu ego, não com o Brasil.”
O presidente Bolsonaro alegou que o ex-ministro ainda teria aceitado a saída de Valeixo da PF, mas apenas em novembro, segundo o chefe do Executivo. “Em conversa com o Moro, ele me disse: “Olha, você pode trocar o Valeixo, sim, mas em novembro, depois que o senhor me indicar pro Supremo Tribunal Federal”, disse Bolsonaro. “Estou decepcionado e surpreso.”
Bolsonaro também alegou que Moro mentiu ao negar que Maurício Valeixo tenha pedido exoneração. Relatou conversa na noite dessa quinta-feira (23/04) com o agora ex-chefe da PF sobre “cansaço” do policial federal, e manteve a narrativa de que o chefe da PF foi exonerado “a pedido” dele próprio. “Desculpa, senhor ministro, mas o senhor não vai me acusar de mentiroso. Não existe acusação mais grave para um homem como eu, militar.”
O presidente sustentou que nunca pediu para Moro, ou para a Polícia Federal, que o “blindassem” de investigações.
“Nunca pedi para ele [Moro], pra que a PF me blindasse onde quer que fosse”, disse o presidente. “O que eu quero é que ela [a PF] seja usada em sua plenitude.”
Negou que exoneração do ex-diretor-geral da Polícia Federal Maurício Valeixo tenha tido qualquer ligação com tentativa de interferência.
“[Moro] falava em interferência minha na PF. Oras bolas, se eu posso trocar um ministro, por que não posso, de acordo com a lei, trocar o diretor da PF?”, indagou Bolsonaro. “Eu não tenho que pedir autorização de ninguém pra trocar um diretor ou qualquer outro que esteja na na mirada do Poder Executivo. Na hora que tiver que pedir, deixo de ser presidente”, exclamou.
O presidente prosseguiu e, para questionar a afirmação do ex-subordinado de que tentara interferir na Polícia Federal, afirmou que o agora ex-ministro “se preocupou mais com Marielle (a vereadora do PSol do Rio assassinada ao lado do motorista Anderson Gomes) do que com seu chefe supremo”. Ele fazia referência ao que avaliou como menosprezo de Moro em relação à investigação sobre a facada que levou durante a campanha em Juiz de Fora.
Campanha
O chefe do Executivo disse que “não tem mágoa” de Sergio Moro, mas insinuou que o agora ex-ministro tem interesse em disputar as eleições presidenciais de 2022. “Hoje pela manhã me reuni com deputados e lhes disse: ‘Hoje, vocês vão conhecer quem realmente não me quer na cadeira presidencial. Esse alguém não está no Poder Judiciário, nem está no Parlamento brasileiro’. Não lhes disse o nome. ‘Vocês vão conhecê-lo às 11h’”, afirmou Bolsonaro.
Inicialmente, Bolsonaro anunciou nas redes sociais que faria uma coletiva de imprensa. No entanto, a Secretaria de Comunicação da Presidência da República corrigiu a informação e explicou que se trata de um pronunciamento, marcado para as 17h.
Mais cedo, Moro anunciou que deixaria o cargo de ministro ao ser informado sobre a demissão do então diretor-geral da Polícia Federal, Maurício Valeixo. Segundo o agora ex-ministro, o presidente estava interferindo politicamente na instituição e queria “relatórios de inteligência” da PF, algo que não é parte das incumbências da corporação.
“Presidente queria alguém para ligar, colher informações , colher relatórios de inteligência. Isso não é papel da Polícia Federal”, argumentou. “O grande problema não é tanto essa questão de quem colocar, mas por quê colocar, e permitir que seja feita a interferência política no âmbito da Polícia Federal.”
Fonte: Metrópoles