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Agricultura

Bancada ruralista critica queda nos investimentos e alta de custos do Plano Safra

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A Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA) criticou o anúncio do Plano Safra 2025/26 divulgado hoje (1º/7) pelo governo. O deputado federal Pedro Lupion (PP), presidente da FPA, condenou a redução nos recursos destinados a investimento de safra e o aumento nos custos para os produtores com menor equalização dos juros pelo Tesouro Nacional.

Lupion também criticou a ausência de dados sobre o seguro rural e disse que houve manipulação de informações sobre renúncias fiscais para dar uma impressão falta de que o apoio do governo é maior.

O presidente da FPA observou que, dos R$ 516,2 bilhões do Plano Safra 2025/26, apenas R$ 101,5 bilhões são destinados a investimentos. Esses recursos tiveram queda de 5,41% em relação à safra 2024/25. Os recursos para custeio e comercialização tiveram incremento de 3,34%, para R$ 414,7 bilhões.

“Vamos ter um esvaziamento dos investimentos. Além disso, a taxa Selic de 15% aumentou muito o custo de equalização. Isso deixa o setor vulnerável e instável”, afirmou o deputado.

O governo informou que o Tesouro Nacional terá um custo de R$ 13,5 bilhões com a equalização dos juros do Plano Safra. O montante é 17,5% menor do que na safra 2024/25.

“O que mais assusta é uma taxa de 13,5% para o Moderfrota. É algo que não vai caber no bolso. Estava a menos de 8% há dois anos e perto de 12% no ano passado. O produtor vai deixar de comprar máquinas. Sem vendas, a indústria não fabrica e o governo não arrecada”, afirmou o deputado Sergio Souza (MDB). O deputado disse que a FPA esperava que o governo pelo menos manteria o mesmo nível de equalização da safra passada.

“A irresponsabilidade fiscal do governo está custando mais de R$ 58 bilhões em juros para o produtor rural. Esse é o impacto da alta na taxa de juros para o agro brasileiro, no montante total de operações financeiras dentro do setor”, afirmou Lupion.

A FPA também criticou os dados de renúncia fiscal divulgados pelo governo na apresentação do Plano Safra 2025/26. Segundo Lupion, os dados estão ‘maquiados’.

“Renúncia fiscal não é patrocínio, é uma compensação. O número está manipulado. O governo mistura 35 tipos de benefícios, muitos dos quais não são para o agro, como a renúncia da cesta básica”, apontou o deputado. Ele disse que as renúncias fiscais de produtos da cesta básica são uma política social, e não de apoio ao agronegócio, e que só ela equivale a R$ 88,25 bilhões das renúncias fiscais do governo federal no ano.

A FPA criticou ainda a ausência de um plano de seguro rural para a safra 2025/26. O deputado Alceu Moreira (MDB) observou que, no ano passado, a frente já havia pedido R$ 3 bilhões de seguro rural, o governo aprovou liberação de R$ 1,16 bilhão e ainda cortou 40% do orçamento durante a safra 2024/25. E para este ano o governo informou que vai divulgar futuramente recursos para seguro rural.

“Não tem nenhuma surpresa. Na minha visão é um governo que quebrou. Estamos no vermelho”, disse o deputado.

Moreira acrescentou que a maior parte dos recursos anunciados pelo governo são financiamentos com juros livres, encarecendo o custeio para os produtores.

LCAs

A FPA voltou a condenar a decisão do governo de acabar com a isenção das Letras de Crédito do Agronegócio (LCAs) no Imposto de Renda, alegando que a medida compromete a competitividade do título e pode desestimular o investimento.

O deputado Pedro Lupion (PP-PR), presidente da FPA, observou que as LCA e LCI respondem hoje por 43% do financiamento da safra brasileira, chegando a R$ 560 bilhões — mais que o valor anunciado no Plano Safra 2025/26.

“Essa tributação faz que investidores fujam do título. A exigência de aplicação dos recursos captados com LCA deve aumentar de 50% para 60%, o que significa que os bancos vão ter que redirecionar uma parcela maior do que arrecadam para financiamento. Essa mudança pode injetar R$ 164 bilhões adicionais ao setor, sem custos diretos ao Tesouro”, afirmou Lupion.

O deputado federal Sergio Souza (MDB-PR), disse que com a taxação das LCAs, o mercado financeiro começa a questionar se é o melhor investimento. “Será que o investidor não vai buscar outros produtos? Será que o agro conseguirá pagar um juro de 13,5%? Não consegue. Estamos percebendo um aumento de custo de produção e quem paga a conta é o produtor e o consumidor. Há toda uma insegurança no crédito e isso vai aumentar ainda mais o custo de produção”, disse o ex-presidente da FPA.

Fonte: Globo Rural

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